#39 – Rui Pregal da Cunha
O Rui não pára. Nunca parou, aliás. Falar dos Heróis do Mar para ele já é uma banalidade (embora nos anos 80 esta banda não tivesse nada de banal). Mais interessante é referir a sua infância em Macau e a maneira como se apaixonou de tal forma por Lisboa aos 4 anos de idade ao ponto de nunca mais a trair (apesar de ter vivido em Londres e de já ter viajado por meio mundo e mais outro).
O que provavelmente desconheces é que também foi gerente do famoso Fifth Floor Café no Harvey Nichols, em Knightsbridge. E produtor audiovisual. E fervoroso espicaçador profissional de bandas mais novas. Ou que os Nouvelle Vague lhe pediram uma participação especial num dos seus discos. Ou ainda que a cozinha, um dos seus hobbies favoritos, virou obsessão e, por isso, negócio, com restaurantes de sucesso como o Can-The-Can e Las Ficheras.
Mas, queres saber a verdade verdadinha? O que é mais giro no Rui Pregal da Cunha é não ser a típica vedeta-metida-a-vedeta (e por isso provinciana como o raio de muitas que andam por aí). Não. Este é um Lisboeta simples, de sentido de humor apurado, amante de bom vinho e de uma boa conversa.
Diz-me lá: quem é o Rui Pregal da Cunha visto de fora?
Visto de fora será sempre o Herói do Mar, mas penso haver mais qualquer coisita à espreita.
És alfacinha de berço, por devoção ou por convicção?
De berço não sou já que nasci em Macau, mas para cá vim com 4 anitos e assim sendo é por devoção convicta.
Que projectos estás a cozinhar neste momento no teu forno encefálico?
Ando a brincar com uma app chamada Auxy muito engraçada para compor, preparo-me para o ano que agora entra e para mais viagens que é mais ou menos o melhor que levamos desta vida.
Conta-nos lá desse fétiche com os chapéus…
Hoje em dia não é fetiche, já é conveniência, estilística e de proteção. Mas começou por uma panca de enrolar fosse o que fosse à volta da cabeça, à laia de turbante. Qualquer tecido era testado para ver o que saía uma vez a cabeça toda enfaixadita.
Se encontrasses o génio da lâmpada e ele te concedesse 3 músicos para te acompanhar em concerto, quem escolherias e porquê?
Na bateria a Sheila Escovedo, no baixo o John Paul Jones e na guitarra o Django Reinhardt. Acho que essa combinação latino-rock-jazz iria ser o “funk up” de qualquer século, se o génio achasse que era Natal e eu pudesse ter ainda um teclista era de certeza o Bach no cravo.
Tu és um homem de palco. Que som têm os restaurantes para que tenham transformado numa nova Paixão?
Não é o som deles, é mais o facto de estarmos sempre em palco, quando recebemos, quando criamos coisas novas…
Há algum segredo que ainda falte revelar sobre ti?
Espero que ainda haja uns quantos, mas não vai ser preciso complicadas e dolorosas técnicas de interrogação.
Qual foi a pior ideia que tiveste até hoje?
Devo ter tido uma data delas, mas como tenho uma atitude muito positiva juro que não me lembro de uma só que seja.
O que mudarias na tua vida hoje, olhando para trás?
Nada, absolutamente nada.
Gostas de alface?
Das petite Romaine como eu as conheci em tempos mas hoje vulgarmente vendidas como corações de alface.
Para ti Lisboa é…
…linda, com uma luz inigualável e como tenho a sorte de estar sempre ao pé do rio ao fim do dia, vejo do Can the Can essa mesma luz espelhada nas águas do Tejo.
Revela-nos qual a tua 2ª cidade, a seguir a Lisboa, obviamente!
Londres claro, mas gosto de Paris, de NYC, de Tóquio, que é linda no Outono. Mas o que Lisboa tem de mais fantástico é talvez o ser a única capital que conheço com uma dimensão humana.
Se fosses Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, qual a tua primeira medida?
É uma coisa tipo concertada com as finanças, mas daria benesses financeiras a todos os que quisessem filmar em Lisboa
O que gostarias de ver em Lisboa na próxima semana, no próximo mês e no próximo ano?
Mais ou menos tudo o que eu gostaria de ver acontecer por cá está mais ou menos já em curso mas não são esses os prazos de compleição.
Lisboa tem prazo de validade?
Não tem mas mesmo que tivesse fechava os olhos e fazia de conta…
Qual é a primeira coisa em que pensas quando regressas a Lisboa?
Yeah!
Desejo para 2016?
Que os portugueses tenham mais orgulho no que é nosso e elevem isso ao ponto de o cantarem
Porque achas que foste escolhido/a para esta lista de 100 Lisboetas que todos devem conhecer?
Em listas que envolvam o número 100 apareço sempre… não sei bem porquê.
Sugere-nos outras pessoas dignas da referência “100 Lisboetas que tens de conhecer!”.
O definitivamente alfacinha homem do mundo: o Alexandre “Vihls” Farto.