A redacção da Le Cool Lisboa viu o tão falado filme ‘The Interview’ que de tão criticado como ameaça, a receber honras de estreias inusitadas, fica num misto de agrado entre uma bem orquestrada comédia e um recontar da nossa história popular através da estória e visão do mundo de ficção que é a televisão digerida dos ‘reality shows’.
Dave Skylark e o seu produtor Aaron Rapoport conseguem algo que ninguém antes conseguiu, que o líder da Coreia do Norte, seu fã, lhes conceda uma entrevista exclusiva. Aquilo que se segue é a manipulação entre os jornalistas desenformados, a CIA que quer matar o ditador, as hostes oprimidas que querem libertação e o povo que acredita que o seu líder é um Deus. Tudo joga nesta jogada em que a cultura popular é uma peça de um dominó em que nem sempre as peças encaixadas tem o mesmo número de pintas em ambos os lados. Pyongyang está magistralmente bem caracterizado e a vida do ditador profundamente relegada à sua superficialidade ocidental oculta numa fachada de cartazes totalitários de propaganda. Há laivos de outros lideres caídos, sobretudo nos candeeiros de Saddam Hussein, as espingardas douradas.
A estrela da companhia acaba por ser uma alusão à Liberdade Norte Americana, e ao seu ‘way of life’, com o 4 de Julho na canção de Katy Perry, ‘Firework’ que pontua a trama de forma inusitada.
Nunca as referências a maus filmes dos anos ’80 com Silvester Stalone, Van Damme e outros, em selvas com tiroteios a asiáticos foram postos à prova da comédia escrachada.
Se não fosse pela polémica este seria um filme que tinha tido impacto momentâneo e ficaria esquecido, mas desta forma é o marco de uma liberdade de pensamento, de que todos, afinal, somos mesmo iguais.
James Franco e Seth Rogen bem podem agradecer ao verdadeiro Kim Jong-Un pelo favor universal que lhes fez. |